Foz Velha
É um restaurante na zona tradicional da Foz do Douro, no Porto, e recomenda-se.
Desiludido na sua última visita ao Porto, dada a expectativa e o flop da visita ao 'na moda' Sessenta Setenta, do qual já se falou aqui e no site No Prato, o Foz Velha soube como belíssima compensação.
É certo que não é tão trendy nem de design tão apurado.
Mas é certo também que -- das visitas que fizémos -- resultou no Foz Velha uma cozinha bem mais acertada...
É no entanto incerto que uma das melhores características do Foz Velha se mantenha: a belíssima vista para o mar, que ajuda também à fantástica luz natural em toda a sala durante o dia [estamos a falar de cerca de 500 m2], uma vez que está já em marcha uma qualquer construção mesmo em frente ao restaurante e a separar este do início da Avenida do Brasil e do mar, e mesmo que tal construção não ultrapasse a altura característica daquela zona, será mais que suficiente para cortar toda a vista para o mar [e claro, a luz...]. Em termos paisagísticos, será a morte do restaurante. Ironia do destino para uma casa cujo logotipo inclui um trevo da sorte.
Em termos gastronómicos, está bem e recomenda-se. Começámos por um champagne rosé oferta da casa [modas] e pães óptimos e fresquíssimos, ainda que apenas houvesse manteiga e bastante banal.
As entradas soavam [e as provadas eram] apetitosas: as frias, açorda fria de sapateira com bacalhau marinado
em azeite e coentros, molho de marisco e pesto de tomate; carpaccio misto de novilho e boletos com mousse de dois pimentos, folhas do campo, azeite trufado e lascas de queijo parmesão; terrina de cogumelos selvagens recheada com mousse de foie gras e molho de figos confitados; e rolinhos de crepes recheados de salmão aromatizado em especiarias com alcaparras e molho de aneto; as quentes, folhado de queijo de cabra com maçã confitada, frutos secos e dedução de whisky de malte; e creme de coentros com cremoso de queijo Serpa e crocantes de paiola de Barrancos.
Escolhemos a açorda, porque junta imensas coisas que gostamos [e pesto com marisco o que é estranho, mas resultou bem, ainda que não seja fácil] e o creme [que segundo me disse uma comensal exigente, estava divinal].
A antecipar estas entradas, o chef ofereceu à mesa um crepe de alheira, coberto com sésamo, que apenas ganharia em estar ligeiramente menos gorduroso [o resultado da fritura da massa de crepe].
Como prato principal, apetecia-nos peixe, mas a selecção não era por aí além para os nossos gostos: lombo de bacalhau braseado em lascas com as suas melhores ligações [batata a murro, pimentos, grelos e broa]; taco de pescada fresca com crocante de azeitonas pretas e molho de rucula [gratinado de batata, cenoura, e courgette]; tranche de robalo selvagem ao vapor recheado com “à Brás” de legumes e molho de caril; e filetes de polvo com migas regionais e molho aioli [migas: broa, couve galega, arroz e feijão frade]; crocante de bacalhau fresco com pêra confitada em manto de aipo e cenoura ao molho de funcho.
Já aqui falámos da pirosice ou novo-riquismo de alguns nomes [estilo 'manto de aipo', pelo que nos escusamos de repetir, mas apenas remeter].
Acabámos por escolher [os dois, éramos dois à mesa] o mesmo: o polvo. A quantidade de migas excedia largamente a de polvo, o que não podia ter resultado melhor. E pior, o feijão estava frio, contrariamente aos restantes ingredientes das migas. Ainda assim, o polvo era tenríssimo e todos os ingredientes bastante bons.
Não pedimos carne e passámos a um 'calmante' oferecido pelo chef: um pequeno sorvete de maracujá que caiu lindamente.
Acabámos com queque de chocolate morno com gelado frutos silvestres e um prato com uma selecção de fruta fresca laminada, ambos bons.
Bebemos [a noite anterior no Twins* assim o exigiu] água, simples água...
O balanço final foi genial, e uma conta bem em conta, uma vez que embora não tenhamos pedido menus de degustação, tendo pedido entrada, prato principal e sobremesa, foi tudo convertido em 'menu' de €28,50, o que que atendendo ao local, serviço, e qualidade e quantidade de comida, não foi nada desrazoável e mais barato do que em Lisboa [ainda que sem vinho e coma deselegância de um couvert fraquíssimo ter sido cobrado, à parte, a €2,80 por pessoa].
Soubémos, mais tarde, que o chef foi o mesmo que abriu a Casa da Calçada, em Amarante, que saltou para os jornais com a rápida caça de uma estrela Michelin.
Não estávamos com apetite nem a circunstância a isso ajudava, mas o restaurante também oferece, como referido, menus de degustação [quarenta e tal euros, sem vinho], bastante famosos na cidade.
Estes variam, mas for the sake of curiosity, aqui seguem os que estavam na altura:
Degustação Invicta VI (6 pratos)
Aveludado de batata aromatizado com azeite de trufa branca,trompetes negros e crocantes de milho
Folhado de foie gras com peras glaceadas e frutos secos
Taco de cherne assado em cama de cogumelos, cenoura e alho-porro aromatizados com estragão ao molho de funcho
Sorvete de meloa
Naco do lombo de novilho grelhado com queijo da serra, repolhada salteada com presunto serrano e batatinhas coradas
Ameixa de Elvas [modas] recheada com citrinos cristalizados e molho de baunilha
Degustação 'Foz Velha' (9 pratos)
Espumas de batata e castanha com vieira escalfada e molho de tomate
Queijo de cabra gratinado em cama de tosta de azeite e “palha” de alho porro, molho de cassis e folhas secas de manjericão
Carpaccio de lombo de novilho com rucula e molho pesto
Lombo de bacalhau fresco com batata sauté, pimentos, chalota em vinagre balsâmico e molho de azeitonas pretas
Sorvete de Tangerina
Lombinho de porco Ibérico recheado com foie gras de pato fresco, molho selvagem e puré de manga
Morangos salteados com espuma de coco
Queque de chocolate morno com gelado de frutos silvestres
Gelado de hortelã-pimenta com aguardente velha de vinho verde
Recomenda-se e muito, inclusive pela possibilidade -- que não afastamos -- de perder-se a vista para o mar e a luz natural muito em breve!
Caso seja um almoço, porque não tomar o café, ou simplesmente ar, na óptima esplanada do Ourigo's [o único pecado é o serviço lento e a falta de sumos naturais sem ser laranja], na praia do Ourigo, mesmo à frente do restaurante?
Caso seja um jantar, porque não acabar no Twins, ao custo de uma rápida e saudável deslocação a pé? Falaremos dele muito em breve.
Restaurante Foz Velha
Esplanada do Castelo, 141
Foz do Douro
T. 226 154 178
TM. 918 818 147
[no momento deste post eram possíveis reservas online].
*Falaremos deste muito em breve.
Desiludido na sua última visita ao Porto, dada a expectativa e o flop da visita ao 'na moda' Sessenta Setenta, do qual já se falou aqui e no site No Prato, o Foz Velha soube como belíssima compensação.
É certo que não é tão trendy nem de design tão apurado.
Mas é certo também que -- das visitas que fizémos -- resultou no Foz Velha uma cozinha bem mais acertada...
É no entanto incerto que uma das melhores características do Foz Velha se mantenha: a belíssima vista para o mar, que ajuda também à fantástica luz natural em toda a sala durante o dia [estamos a falar de cerca de 500 m2], uma vez que está já em marcha uma qualquer construção mesmo em frente ao restaurante e a separar este do início da Avenida do Brasil e do mar, e mesmo que tal construção não ultrapasse a altura característica daquela zona, será mais que suficiente para cortar toda a vista para o mar [e claro, a luz...]. Em termos paisagísticos, será a morte do restaurante. Ironia do destino para uma casa cujo logotipo inclui um trevo da sorte.
Em termos gastronómicos, está bem e recomenda-se. Começámos por um champagne rosé oferta da casa [modas] e pães óptimos e fresquíssimos, ainda que apenas houvesse manteiga e bastante banal.
As entradas soavam [e as provadas eram] apetitosas: as frias, açorda fria de sapateira com bacalhau marinado
em azeite e coentros, molho de marisco e pesto de tomate; carpaccio misto de novilho e boletos com mousse de dois pimentos, folhas do campo, azeite trufado e lascas de queijo parmesão; terrina de cogumelos selvagens recheada com mousse de foie gras e molho de figos confitados; e rolinhos de crepes recheados de salmão aromatizado em especiarias com alcaparras e molho de aneto; as quentes, folhado de queijo de cabra com maçã confitada, frutos secos e dedução de whisky de malte; e creme de coentros com cremoso de queijo Serpa e crocantes de paiola de Barrancos.
Escolhemos a açorda, porque junta imensas coisas que gostamos [e pesto com marisco o que é estranho, mas resultou bem, ainda que não seja fácil] e o creme [que segundo me disse uma comensal exigente, estava divinal].
A antecipar estas entradas, o chef ofereceu à mesa um crepe de alheira, coberto com sésamo, que apenas ganharia em estar ligeiramente menos gorduroso [o resultado da fritura da massa de crepe].
Como prato principal, apetecia-nos peixe, mas a selecção não era por aí além para os nossos gostos: lombo de bacalhau braseado em lascas com as suas melhores ligações [batata a murro, pimentos, grelos e broa]; taco de pescada fresca com crocante de azeitonas pretas e molho de rucula [gratinado de batata, cenoura, e courgette]; tranche de robalo selvagem ao vapor recheado com “à Brás” de legumes e molho de caril; e filetes de polvo com migas regionais e molho aioli [migas: broa, couve galega, arroz e feijão frade]; crocante de bacalhau fresco com pêra confitada em manto de aipo e cenoura ao molho de funcho.
Já aqui falámos da pirosice ou novo-riquismo de alguns nomes [estilo 'manto de aipo', pelo que nos escusamos de repetir, mas apenas remeter].
Acabámos por escolher [os dois, éramos dois à mesa] o mesmo: o polvo. A quantidade de migas excedia largamente a de polvo, o que não podia ter resultado melhor. E pior, o feijão estava frio, contrariamente aos restantes ingredientes das migas. Ainda assim, o polvo era tenríssimo e todos os ingredientes bastante bons.
Não pedimos carne e passámos a um 'calmante' oferecido pelo chef: um pequeno sorvete de maracujá que caiu lindamente.
Acabámos com queque de chocolate morno com gelado frutos silvestres e um prato com uma selecção de fruta fresca laminada, ambos bons.
Bebemos [a noite anterior no Twins* assim o exigiu] água, simples água...
O balanço final foi genial, e uma conta bem em conta, uma vez que embora não tenhamos pedido menus de degustação, tendo pedido entrada, prato principal e sobremesa, foi tudo convertido em 'menu' de €28,50, o que que atendendo ao local, serviço, e qualidade e quantidade de comida, não foi nada desrazoável e mais barato do que em Lisboa [ainda que sem vinho e coma deselegância de um couvert fraquíssimo ter sido cobrado, à parte, a €2,80 por pessoa].
Soubémos, mais tarde, que o chef foi o mesmo que abriu a Casa da Calçada, em Amarante, que saltou para os jornais com a rápida caça de uma estrela Michelin.
Não estávamos com apetite nem a circunstância a isso ajudava, mas o restaurante também oferece, como referido, menus de degustação [quarenta e tal euros, sem vinho], bastante famosos na cidade.
Estes variam, mas for the sake of curiosity, aqui seguem os que estavam na altura:
Degustação Invicta VI (6 pratos)
Aveludado de batata aromatizado com azeite de trufa branca,trompetes negros e crocantes de milho
Folhado de foie gras com peras glaceadas e frutos secos
Taco de cherne assado em cama de cogumelos, cenoura e alho-porro aromatizados com estragão ao molho de funcho
Sorvete de meloa
Naco do lombo de novilho grelhado com queijo da serra, repolhada salteada com presunto serrano e batatinhas coradas
Ameixa de Elvas [modas] recheada com citrinos cristalizados e molho de baunilha
Degustação 'Foz Velha' (9 pratos)
Espumas de batata e castanha com vieira escalfada e molho de tomate
Queijo de cabra gratinado em cama de tosta de azeite e “palha” de alho porro, molho de cassis e folhas secas de manjericão
Carpaccio de lombo de novilho com rucula e molho pesto
Lombo de bacalhau fresco com batata sauté, pimentos, chalota em vinagre balsâmico e molho de azeitonas pretas
Sorvete de Tangerina
Lombinho de porco Ibérico recheado com foie gras de pato fresco, molho selvagem e puré de manga
Morangos salteados com espuma de coco
Queque de chocolate morno com gelado de frutos silvestres
Gelado de hortelã-pimenta com aguardente velha de vinho verde
Recomenda-se e muito, inclusive pela possibilidade -- que não afastamos -- de perder-se a vista para o mar e a luz natural muito em breve!
Caso seja um almoço, porque não tomar o café, ou simplesmente ar, na óptima esplanada do Ourigo's [o único pecado é o serviço lento e a falta de sumos naturais sem ser laranja], na praia do Ourigo, mesmo à frente do restaurante?
Caso seja um jantar, porque não acabar no Twins, ao custo de uma rápida e saudável deslocação a pé? Falaremos dele muito em breve.
Restaurante Foz Velha
Esplanada do Castelo, 141
Foz do Douro
T. 226 154 178
TM. 918 818 147
[no momento deste post eram possíveis reservas online].
*Falaremos deste muito em breve.
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